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 [História] O Concílio de Niceia

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Rodrigo Capelo
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Rodrigo Capelo


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[História] O Concílio de Niceia Empty
MensagemAssunto: [História] O Concílio de Niceia   [História] O Concílio de Niceia EmptyQua 15 Fev 2012, 21:47

Citação :
    O Concílio de Niceia (325)


    O Imperador romano Constantino I convocou o Concílio. Foi feito com o intuito de unir o Império Romano após ter derrotado Licínio em Andrinopla, em Setembro de 324. Enquanto viajava pelo Oriente, constatou o grande número de cisões no seio das famílias aristotélicas. Com o intuito de restabelecer a paz religiosa e de construir uma Igreja una, e até mesmo para prevenir que fosse corrompida com fins políticos, Constantino decidiu convocar o Concílio. Decidiu reunir todos os representantes das comunidades com uma tendência aristotélica maioritária, após terminadas as perseguições. Perseguições estas lançadas por Diocleciano em 313, e cujas cicatrizes ainda eram ostentadas por alguns bispos que participaram do Concílio. Havia quatro tendências notáveis:

    Os Cristãos, que consideravam Cristo como o messias e diziam que Aristóteles não passava de um filósofo iluminado que preparou as pessoas com ideias que conduziriam à vinda do verdadeiro messias de natureza divina.
    Os Aristodoxos, que afirmavam que sem Aristóteles não haveria o messias, que a essência humana se inspirou totalmente nas revelações do verdadeiro messias: Aristóteles.
    Os Aristotélicos, que afirmavam (com razão) que Aristóteles e Cristo formavam juntos uma comunhão harmoniosa entre a Fé e a Razão.
    Os Sofistas, braço aristotélico que se fundamentou no Oriente e que seguia o patriarca grego de Constantinopla. (1)

    Mas havia ordens religiosas variadas e frequentemente extremistas e sectárias como os iconófilos, com a sua adoração de imagens "A prostração diante da cruz e o respeito para com imagens religiosas (ícones) cresce com a crença"; os pelagianos, os arianistas e outras cujos nomes foram esquecidos. O Imperador Constantino queria fazer da Igreja Aristotélica a religião única do Império, mas exigiu que fosse feita uma triagem para que apenas uma lei canónica vigorasse no seio da Igreja. Igreja esta que passa a não admitir diferentes tendências ou seitas. A verdade imposta por Niceia é ressonante à verdade imperial.

    Os seguidores do Spinozismo estavam presentes em Niceia; o objectivo era tentar assimilá-los à Igreja oficial do Estado o que parecia uma necessidade aos olhos do Imperador. Necessidade esta que, certamente, estava ligado ao facto de este querer o seu poder temporal legitimado por um poder divino superior, algo que não seria possível com os seguidores Spinozistas, adeptos da imanência. Um grupo de defensores da transcendência viu nisto a oportunidade para se livrar dos Spinozistas, enquanto estes últimos não viam problemas em conviver com a Igreja oficial do Império. Por conseguinte, os spinozistas foram declarados heterodoxos, principalmente por afirmarem que "o corpo e a alma são paralelos um ao outro, pois são todos atributos do mesmo objecto, como um modo de prorrogar o modo de pensar humano". Os textos de Daju, desde então, integram o Index Librorum Prohibitorum.

    O Imperador Constantino reforçou três escolhas do Concílio Episcopal de Niceia.

    1) A legitimação do poder do Papa como autoridade suprema em carácter dogmático e canónico, por ser o legítimo representante de Cristo.
    2) A interdição da ordenação sacerdotal às mulheres. Cabia à mulher gerar herdeiros para servir a Igreja, enquanto cabia aos homens o dever de propagar a fé, fosse pela palavra fosse pela espada. (2)
    3) Resolver de uma vez por todas as diferentes interpretações sobre as fontes de fé e das posições de Aristóteles e Cristo.

    Depois de vários meses durante os quais os bispos não chegaram a acordo sobre um texto que estabelecesse as fontes da fé, o imperador ameaçou os mais teimosos. A tendência Cristã teve maior predominância, ficando como uma concessão aos adeptos de Aristóteles a utilização do termo "aristotélico" para definir a Igreja Universal. Aristóteles foi relegado a mero "arauto" da vinda do messias. O mais sábio dos críticos aceitou o compromisso e os teimosos foram calados, e quando se mantinham fiéis às suas ideias, eram excomungados. O resultado foi a criação de uma única verdade dogmática, em conflito com heresias que foram erradicadas.

    O primeiro concílio trouxe consequências políticas agradáveis à Igreja, mas trouxe também um desastre dogmático que vai empurrar os defensores de Aristóteles para a clandestinidade por quase mil anos. A mulher não pôde ser ordenada sacerdote por vários séculos e quase se alegou que as ideias de Aristóteles eram um obstáculo ao desenvolvimento da verdadeira fé. O impacto do Concílio de Niceia é tão importante para a história aristotélica que muitos historiadores dividem "A era da Fundação Aristotélica" em duas partes distintas: a Era da Dispersão da Fé desde o nascimento de Cristo até ao Concílio de Niceia (325) e a Era do Questionamento desde Niceia até a última metade do pontificado do Papa Nicolau V (1452). (3)

    -----------------------------------------------------------------------

    (1) Sofistas: Também conhecido como plotistas por causa do seu filósofo-profeta Plotino, estabelecidos no Oriente (terra santa) e dependentes do Patriarca grego de Constantinopla. Eles reconhecem apenas o status primus inter pares do Papa. Esta igreja dita plotina seria excomungada mais tarde sob o pontificado de SS Nicolau V.

    (2) Apesar do facto de o Concílio de Vaticano convocado por S.S. Eugénio V ter mudado o Dogma, isto explica a escassez de presença feminina na Igreja e a mentalidade do senso comum de que a Igreja é encabeçada apenas por homens. Depois, os conflitos sobre Fé e Razão, Cristo e Aristóteles, homens e mulheres foram moderados pelo iluminado método aristotélico.

    (3) Cronologia não oficial do aristotelismo:

      A) Era Pré-Aristotélica: Criação do MundoEnsinamentos de Aristóteles (séc. V a.C.)

        Trata-se do período em que decorreu a criação e onde se localiza todos os mitos pré-fundados como a Criação. O aristotelismo ainda não existia. Este período termina quando Aristóteles começa a ensinar.


      B) Era do Nascimento da Fé: Ensinamento de Aristóteles (séc. V a.C.)Ensinamento de Cristo (ano 0)

        Aristóteles traz-nos a Razão, primeiro dos dois grandes componentes da fé aristotélica. O monoteísmo instala-se calmamente e conquista a Palestina. Os fariseus convertem-se. Este período finaliza-se no momento em que Cristo começa a pregar.


      C) Era da Dispersão da Fé: Ensinamento de Cristo (ano 0)Concílio de Niceia (325)

        Os ensinamentos de Cristo provocam conversões generalizadas. A fé espalha-se por todo o Império Romano, mas fragmenta-se numa multiplicidade de interpretações variadas dos textos sagrados. O aristotelismo é uma destas interpretações.


      D) Era do Questionamento: Concílio de Niceia (325)Última metade do pontificado do Papa Nicolau (1454)

        O Concílio de Niceia reunifica o aristotelismo e que dará origem à Igreja Aristotélica. É o fim da anarquia, mas também um período difícil no qual decisões teológicas e dogmáticas lamentáveis foram adoptadas. As diferentes tendências da Igreja confrontam-se e decide-se finalmente, sob pressão dos cristãos, a primazia da Fé sob a Razão e da presença de Cristo sobre Aristóteles.


      E) Era da Renovação da Fé: Última metade do pontificado do Papa Nicolau (1454) → ...

        Alguns teólogos começaram a questionar determinadas decisões de Niceia. Na última metade do pontificado do Papa Nicolau, estes teólogos manifestaram-se mais abertamente. Um grande seminário de reflexão preparatório à reforma é convocado. Mas o Papa Nicolau V acaba por morrer, e assim, o novo papa, Eugénio V inicia o Concílio do Vaticano que nos conduz à Renovação da Fé.
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